As regulamentações para stablecoins entrarão em vigor em breve, impulsionando um forte crescimento no mercado de Hong Kong.

intermediário7/30/2025, 8:19:58 AM
Este artigo analisa diretrizes políticas diante da valorização acelerada das ações, compara a velocidade de implementação do "GENIUS Act" nos Estados Unidos e oferece uma análise detalhada de como a "escassez de licenças" e o "prêmio de conceito" estão alimentando bolhas de mercado.

O avanço das stablecoins segue ganhando cada vez mais força.

De um lado, o Stablecoin Genius Act já foi sancionado por Trump; de outro, a emissão de stablecoins em Hong Kong está na reta final. Em 1º de agosto, a “Stablecoin Ordinance” de Hong Kong entrará em vigor oficialmente. Enquanto as regras americanas para stablecoins abalaram o mercado cripto, a iniciativa de Hong Kong—mesmo provocando apenas leves movimentos nos ativos digitais—causou um impacto raro e significativo na bolsa de valores local.

Com a aprovação da lei, o mercado acionário de Hong Kong experimentou uma animação sem precedentes para o setor. Ações ligadas a stablecoins dispararam—muitos papéis duplicaram de valor e alguns aumentaram mais de dez vezes. O clima é de euforia entre investidores e empresas, com influxo de capital em alta. Mas, por trás dessa celebração, reguladores de Hong Kong começam a demonstrar preocupação. Dias atrás, Eddie Yue, CEO da Autoridade Monetária de Hong Kong (HKMA), publicou o artigo “Stablecoin: Avanço Sólido para o Sucesso de Longo Prazo”, tentando acalmar um mercado superaquecido.

Contudo, quando o mercado já está fervendo, conter o calor não é tarefa simples.

No dia 21 de maio, o projeto de lei sobre stablecoins foi aprovado em terceira leitura pelo Conselho Legislativo. Naquela ocasião, com a legislação americana ainda em análise no Senado, a “largada” de Hong Kong virou tema de debate no mercado. Em aspectos como licenciamento, reservas 100%, capital integralizado de HK$ 25 milhões e exigências de AML, as normas de Hong Kong estão alinhadas com as melhores jurisdições globais. Porém, na percepção pública, as opiniões se polarizaram, ilustrando perfeitamente a volatilidade do cenário das stablecoins no território.

De um lado, devido à influência cada vez menor de Hong Kong no universo cripto e à fama de anúncios pomposos com pouco efeito prático, o mercado de ativos digitais responde com cautela e até pessimismo. Muitos avaliam que, mesmo com maior fiscalização, as stablecoins locais seguirão como meras extensões dos tokens vinculados ao dólar americano, com relevância limitada num nicho modesto.

Porém, em outros mercados, a nova lei serviu de poderoso catalisador. Assim que aprovada, grandes players se movimentaram rapidamente, veículos de mídia e corretoras amplificaram a notícia, e stablecoins entraram no debate financeiro convencional. Discussões sobre definição, aplicações e relevância do setor se intensificaram—e logo passaram a incluir a necessidade por uma stablecoin lastreada no yuan. Para um mercado trilionário, parece que um ponto de virada está muito próximo.

Nesta sexta-feira, a legislação das stablecoins de Hong Kong passará a valer, abrindo o período de pedidos de licença. Contudo, uma semana antes, Eddie Yue, da HKMA, alertou sobre o clima de especulação em artigo incisivo. Ele destacou os riscos de exagero e indícios de bolha em stablecoins. Yue deixou claro que, num primeiro momento, serão concedidas pouquíssimas licenças e pediu aos investidores que mantenham racionalidade e discernimento diante da empolgação. A HKMA abrirá consulta pública sobre requisitos de conformidade e AML e aplicará regras ainda mais rígidas de prevenção à lavagem de dinheiro, buscando evitar o uso ilícito de stablecoins.

Essas manifestações demonstram que Hong Kong está apreensiva com os rumos do mercado, adotando postura extremamente cautelosa no processo de licenciamento. O motivo dos alertas públicos é claro: a atividade de stablecoins na região está em superaquecimento.

O movimento na bolsa expressa com clareza a formação de uma bolha. Perspectivas otimistas combinadas ao estágio inicial da indústria transformaram “stablecoin” em narrativa dominante para captação de capital. Praticamente todos os papéis ligados ao setor registraram alta quase instantânea.

A Guotai Junan International obteve licença para atuar em junho, tornando-se a primeira corretora chinesa a oferecer serviços completos de ativos virtuais. Suas ações dispararam 198% em 25 de junho. No acumulado do ano, o ganho já chega a 4,58 vezes.

No dia 7 de julho, a Jinyong Investment anunciou parceria estratégica com a AnchorX para juntos explorar pagamentos internacionais, comércio e adoção de stablecoins em quatro frentes. No dia seguinte, as ações da Jinyong saltaram 533,17% em alto volume.

Em 15 de julho, a China Sansan Media informou estar iniciando os trâmites para requerer licença de stablecoin. Já em 16 de julho, suas ações fecharam com alta de 72,73%, acumulando valorização anual impressionante de 14,95 vezes.

Basta uma notícia para impulsionar cotações—a clara demonstração do poder do storytelling das stablecoins. Além das novatas, empresas tradicionais como OKG Technology Holdings, Yunfeng Financial Group, Yixin Group, New Huo Tech Holdings e OSL Group também saltaram mais de 100% em 2024. Até mesmo as A-shares chinesas, antes alvo de críticas, foram sacudidas: nomes ligados ao yuan digital, como Hengbao, Sifang Jingchuang e Chutianlong, multiplicaram de valor.

Diante desse contexto, toda sorte de empresa entrou na disputa—desde oportunistas, passando por instituições financeiras em busca de participação, até gigantes estratégicos que buscam cortar custos de liquidação e criar barreiras competitivas. Segundo a Caixin, entre 50 e 60 companhias planejam se candidatar a uma licença em Hong Kong, incluindo estatais chinesas, instituições financeiras e grandes empresas de tecnologia.

Ainda assim, o grande número de inscrições não significa que todas serão aprovadas. A HKMA pontuou que a maioria encontra-se apenas na fase conceitual, sem casos reais de aplicação; e mesmo aqueles com propostas concretas frequentemente não possuem experiência técnica ou em gestão de risco para operar stablecoins com responsabilidade. Hong Kong quer evitar emissões simbólicas sem propósito verdadeiro—por isso, só poucas licenças serão concedidas neste início.

Paralelamente, a HKMA prepara uma triagem preliminar. Dessa vez, de acordo com a Caixin, não haverá downloads de formulários padronizados para envio em massa. O regulador fará uma seleção prévia via contato direto, avaliando requisitos mínimos, e só quem passar por essa etapa poderá se candidatar formalmente.

Quem tem mais probabilidade de receber licença? O consenso do mercado aponta para participantes do sandbox regulatório. Já em julho passado, a HKMA selecionou JD Chain Technology, CircleLink Innovation e um consórcio liderado pelo Standard Chartered (incluindo Adaverse e Hong Kong Telecom) para testes sandbox, atualmente em segunda fase. Embora a HKMA ressalte que participar do sandbox não garante aprovação, essas empresas têm vantagem por já demonstrarem experiência em compliance e controle de risco.

Em resumo, a avaliação das licenças em Hong Kong foca em três critérios: capacidade técnica para emissão; casos de uso bem definidos com planos claros de implementação; e sistemas robustos de gerenciamento de risco, sobretudo para combater a lavagem de dinheiro. Na prática, apenas grandes corporações com operações internacionais sólidas e maturidade em controles de risco têm chances reais—o espaço para empresas pequenas e médias é mínimo.

Neste momento, mesmo com os alertas da HKMA, dificilmente a especulação motivada pelo FOMO (fear of missing out) vai se dissipar rapidamente.

Primeiro, a discussão sobre stablecoins em Hong Kong anda pari passu com os acontecimentos nos EUA. Com o Genius Act em vigor, o mercado americano de stablecoins segue aquecido, a Circle bate recordes, grandes instituições demonstram apetite, e o otimismo com possível redução de juros continua estimulando o setor. O entusiasmo permanece forte, respingando também sobre Hong Kong.

Segundo, o debate regulatório por lá se expandiu. Antes, o foco era apenas em stablecoins atreladas ao dólar local, mas agora a viabilidade de um stablecoin offshore de yuan ganhou força. Think tanks nacionais, órgãos públicos como o SASAC de Xangai, grandes corretoras e associações do setor estão engajadas. Há consenso de que Hong Kong deve ser o ponto de partida para um piloto de stablecoin em RMB fora da China continental, com futuras experiências em zonas de livre comércio internas. Antes, a lentidão do Web3 em Hong Kong era atribuída à ausência dessa infraestrutura; uma stablecoin offshore de RMB pode abrir um novo leque de possibilidades, acelerar o setor e provocar grandes transformações no sistema financeiro chinês.

Acima de tudo, o setor de stablecoins oferece oportunidades lucrativas em uma cadeia industrial que só cresce. Para emissores de varejo, as stablecoins reduzem drasticamente custos de liquidação e ampliam a competitividade. Para emissores de pagamentos, são porta de entrada ao universo dos ativos digitais e eventual integração global. Mesmo empresas que só buscam aproveitar o hype têm seus motivos: neste momento especulativo, nomes como ZhongAn Online, Fourth Paradigm, Jia Mi Technology e Easou Technology anunciaram captações relevantes. OSL Group está colocando mais de 101 milhões de ações a HK$ 14,9 cada, levantando quase HK$ 2,4 bilhões. Além de emissores, tanto exchanges quanto bancos custodiante correm para capturar dividendos desse ecossistema.

Resumindo, o frenesi em torno das stablecoins deve continuar no curto prazo—e com a licença, que é o passaporte na disputa pela conformidade, a competição só vai aumentar. Porém, como setor ainda em formação, o real alcance, o efeito multiplicador e a demanda prática pelas licenças permanecem incertos. Com barreira mínima de HK$ 25 milhões e custos anuais de conformidade acima de HK$ 1 milhão, candidatos sem modelos de negócio robustos podem sair prejudicados. A própria HKMA já deixou claro: só quem pensa no longo prazo vai prosperar—enquanto a maioria dos investidores de curto prazo será eliminada pelo processo regulatório.

Investidores embalados pelo rali das ações devem ficar atentos e redobrar a prudência.

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